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Ameaça escondida no gelo: as consequências do aquecimento global podem estar sendo subestimadas

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O derretimento de geleiras vem preocupando moradores no Ártico. No ano passado, uma criança morreu e várias pessoas ficaram hospitalizadas na Península de Yamal (localizada ao norte da Rússia) devido à infecção por antraz, doença causada por bactéria (Bacillus anthracis). Acredita-se que a causa do pequeno surto da doença tenha sido provocada por uma carcaça de rena, morta há aproximadamente 75 anos, que ressurgiu à superfície quando o calor, provocado por altas temperaturas, derreteu a camada do solo que estava congelada - o permafrost.

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O permafrost é um solo formado por terra, gelo e rocha e caracteriza-se por permanecer congelado. Este solo recobre 13 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a 25% das terras do Hemisfério Norte. No total, o ecossistema representa 20% da superfície emersa da Terra, espalhando-se pelo Ártico, sub-Ártico e Antártida. Por volta de 63% do território russo é ocupado por ele. O solo abriga restos de plantas, animais e patógenos, que foram acumulados ao longo de milhões de anos. Com o degelo a matéria orgânica (animal e vegetal) fica exposta, iniciando intenso processo de decomposição e liberação de dióxido de carbônico e metano na atmosfera. Porém, a ameaça silenciosa e de grande perigo está na liberação de patógenos (bactérias, vírus e fungos) que estão aprisionados no permafrost a milhares de anos. Existem camadas de permafrost com cerca de 700 metros de profundidade, apresenta características perfeitas para preservar bactérias, vírus e fungos por milhares de anos, pois é frio, escuro e sem oxigênio. Com o derretimento das camadas mais profundas e antigas deste solo congelado, podem ressurgir patógenos para os quais os animais, plantas e o sistema imunológico dos humanos contemporâneos não estejam preparados. Inclusive patógenos que causaram epidemias globais no passado, (como varíola, peste bubônica e gripe espanhola) podem ressurgir principalmente em regiões próximas aos locais onde as vítimas dessas infecções foram enterradas, nos permafrost da Sibéria na Rússia, por exemplo. Pessoas e animais têm sido enterrados em permafrost por séculos, então é plausível que agentes patogênicos e doenças infecciosas possam ser desencadeados se o derretimento do solo continuar, podendo ressurgir patógenos dos primeiros humanos a habitarem o Ártico.

Cemitério Kulusuk

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Além do permafrost, lagos congelados também guardam micro-organismos pré-históricos. Em um estudo de 2005, cientistas da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) ressuscitaram com sucesso bactérias em um lago congelado no Alasca por 32 mil anos. As bactérias, Carnobacterium pleistocenium, estavam congeladas desde o Pleistoceno, quando mamutes ainda vagavam pela Terra. Quando o gelo derretia, as bactérias começavam a se movimentar, sem parecer que estavam adormecidas por milhões de anos.

Os patógenos que foram isolados dos humanos por muito tempo podem voltar não apenas pelo permafrost ou pelo gelo - cientistas da NASA descobriram, em fevereiro deste ano, bactérias de 10-50 mil anos atrás dentro de cristais em uma mina do México. Assim que foram retiradas dos cristais, as bactérias começaram a se multiplicar. Diversos estudos indicam que o processo de retorno à vida é possível, se o micro-organismo permaneceu em local que proporcionasse a sua conservação, principalmente patógenos que apresentam esporos, como a bactéria do tétano (Clostridium tetani), do botulismo (Clostridium botulinum) e antraz (Bacillus anthracis), além de vírus como o Pithovirus sibericum e Mollivirus sibericum que estavam no permafrost da Sibéria por 30 mil anos e foram ressuscitados por pesquisadores em 2014.

O risco potencial dos patógenos no permafrost e gelo retornarem à superfície da Terra com capacidade infecciosa devido ao aquecimento global ainda é desconhecido. A maior preocupação talvez paire em saber o que mais pode estar escondido sob o solo congelado? O que aconteceria se nós, de repente, ficássemos expostos a patógenos que ficaram ausentes por milhares de anos - ou que nunca tivemos contato antes? É possível que estejamos perto de descobrir o que aconteceria. As mudanças climáticas, e consequentemente o aquecimento global, estão derretendo o solo da região do ártico que existiram ali por milhares de anos e, conforme o solo derrete, vai liberando antigos vírus e bactérias que, depois de permanecerem tanto tempo "dormentes", voltam à vida. Yamal foi apenas um sinal de alerta!

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